Discurso a favor da diversidade de corpos ganhou força para acabar com o padrão de beleza atual.
Modelos
magérrimas na capa das revistas femininas, manchetes anunciando dietas
milagrosas e corpos sarados sendo exaltados. Esse foi o padrão de
consumo de beleza que se instaurou por décadas e oprimiu aquelas que não
se encaixavam. Contrário e resistente a isso, nos últimos anos, o
movimento body positive ganhou força em todo o mundo para incentivar as
pessoas a se amarem como são.
Segundo a
psicanalista Joana Vilhena Novaes, professora da Universidade Veiga de
Almeida (UVA) e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da PUC-Rio,
ações afirmativas como o body positive são importantes, pois devolvem
uma vida social aos excluídos e, principalmente, uma relação harmônica
consigo mesmo.
As diferenças precisam ser
tratadas como naturais. Celulite não é lindo, mas é natural, todo mundo
tem. É preciso ter uma dimensão mais real, crítica e, ao mesmo tempo,
verossímil”, diz Joana.
Todo esse movimento vem
mostrando resultados. A abertura do mercado para modelos gordas, assim
como o sucesso de influencers nacionais e internacionais como Ju Romano,
Miriam Bottan, Luiza Junqueira, Ashley Graham e a atriz Danielle
Brooks, da série Orange Is The New Black, entre tantas outras que marcam
a militância pelo mundo, apontam para um novo cenário de beleza.
Para
a psicanalista, o mais importante é aprender a conviver com as próprias
limitações, pois a busca por novos padrões pode gerar novas
frustrações. “Poder olhar para as suas diferenças e saber lidar com isso
naturalmente faz parte do amadurecimento. A diversidade de corpos
precisa ser valorizada, mas existem os limites de cada um”, explica
Joana.
Quando o body positive vai além
“O
único perigo é exacerbar”, alerta Joana. Como? Esvaziando o propósito
inicial. A psicanalista diz que, por mais que entenda, tem ressalvas
quanto ao body positive. “Existe imensa diferença entre uma pessoa com
sobrepeso se amar e não mais deixar de ir à praia por vergonha de não se
encaixar em padrões e um corpo que mal se locomove e tem uma série de
funções orgânicas comprometidas. Diversidade é uma coisa. Estímulo à
doença é outro”, finaliza Joana.
http://rede.natura.net/espaco/ILDICA
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